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Mais de 200 famílias sem-terras estão acampadas em Irineópolis

Á cada dia chegam novas famílias para acampar em terras de uma fazenda particular

IRINEÓPOLIS ? Todos os dias, pelo menos uma família chega para acampar junto de mais de 200 famílias que já estão acampadas em uma fazenda, distante cerca de três quilômetros do centro de Irineópolis. São militantes do Movimento Sem-Terras que desde terça-feira, 12, vem ocupando a área.

Romeu Rocha, proprietário da fazenda não se conforma. Assim que houve a invasão, ele entrou com pedido de reintegração de posse na Justiça. Segundo informações de seu filho, Pedro Rocha, na quinta-feira, 14, o juiz agrário Edemar Gruber, de Joaçaba-SC, já concedeu em audiência preliminar, a reintegração de posse da área.

Está marcada para o próximo fim de semana, a audiência que irá determinar em que condições se dará a retirada dos acampados. Segundo Pedro, o juiz intimará um representante do acampamento e Romeu para discutirem o processo de reintegração de posse. ?O juiz garantiu que as terras nos serão devolvidas?, afirma Pedro.

Segundo ele, o juiz se baseou na escritura que confirma que a área pertence a Romeu e na comprovação de que a área é produtiva. Pedro diz que os sem-terras construíram barracas sobre uma plantação de trigo. ?Até pouco tempo plantávamos soja e milho no terreno?, afirma Pedro.

Para ele os sem-terras estão acampados no terreno por ordem do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). ?Há três semanas o pessoal do Incra esteve medindo as terras para ver se havia excesso. Quando perguntamos a eles se era para assentar sem-terras, eles negaram. Três semanas depois, tivemos a surpresa?, conta.

Pedro afirma que o Incra não encontrou excesso de terras nos terrenos de seu pai.

 

OUTRO LADO

 

A reportagem do CN esteve na tarde de terça-feira, 19, no acampamento do MST nas terras de Romeu. Com guarita e divisão planejada de lotes por família, os acampados se dizem ?sem líder?, mas ao saberem que somos de um jornal, desconfiam e chamam um suposto ?assessor de imprensa?, que fala em nome do grupo.

Jonas Souza, nascido em São Paulo, diz que mora há anos no litoral catarinense, embora ainda não tenha perdido o sotaque paulista. Ele afirma que o Incra nada teve a ver com a invasão nas terras de Romeu e diz que desconhece qualquer informação de que Romeu tivesse ganhado a reintegração de posse.

Ele explica que os acampados querem unicamente o que prevê a constituição quanto à reforma agrária. Jonas diz que as terras onde ele e mais de 200 famílias estão acampados pertencem a União e foram desapropriadas da antiga madeireira Lumber. No entanto, diz que desconhecia até invadir as terras, que a propriedade pertencia a Romeu.

Segundo Jonas, fazem parte do acampamento, famílias de Irineópolis, Três Barras, Canoinhas, Rio Negrinho e Mafra. Ele diz que mais famílias estão vindo para o acampamento e que os acampados tomaram conhecimento da área por meio de um assentamento de sem-terras já instalado pelo Incra em Irineópolis.

Perguntado sobre a possibilidade de a Justiça obrigá-los a deixarem as terras, Jonas diz que os assentados devem sair se a Justiça apontar outra área para eles fazerem assentamento.

 

POLÊMICA

 

A invasão das terras tem gerado um clima de tensão em Irineópolis. Wanderlei Lezan (PMDB), prefeito da cidade, diz que não apóia de forma alguma o movimento.

Na segunda-feira, 18, o prefeito se reuniu com representantes de diversas entidades do município para determinar medidas que mantenham a ordem na cidade.

Como nessa semana Irineópolis está em festa pelos 43 anos de emancipação político-administrativa, o prefeito decidiu pedir reforço policial para Porto União, para garantir o bom andamento das festividades que culminarão hoje com a visita do governador Luis Henrique (PMDB) à cidade. Não existem informações de que LHS visite o acampamento.

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